Os dados publicados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a ansiedade no Brasil são alarmantes, posicionando o país como líder mundial nesse indicador, com 9,3% da população afetada. Em meio a esse cenário, o estudo conduzido pela Vittude, plataforma online dedicada à saúde mental e ao trabalho, adiciona camadas de preocupação, indicando que uma parcela significativa da população está lidando com níveis extremos de estresse, depressão e ansiedade. Com 37% das pessoas enfrentando estresse severo, 59% no auge da depressão e uma alarmante porcentagem de 63% sofrendo de ansiedade elevada, torna-se evidente a necessidade urgente de ações efetivas para promover o bem-estar mental no Brasil.
Mas, afinal, o que é ansiedade?
A ansiedade é uma reação natural do corpo diante de situações de perigo ou estresse, desempenhando um papel vital na preparação para enfrentar desafios percebidos. No entanto, quando essa reação se torna desproporcional e crônica, pode resultar em um impacto negativo significativo na qualidade de vida. Dentre os diversos tipos de transtornos de ansiedade, destacam-se alguns com características distintas.
O transtorno de ansiedade generalizada se manifesta através de uma preocupação excessiva e análise minuciosa de diversos aspectos da vida. O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é caracterizado por pensamentos obsessivos e medos irracionais que conduzem a comportamentos compulsivos. Já a fobia social, ou transtorno de ansiedade social, provoca preocupação e medo em situações sociais comuns. A síndrome do pânico desencadeia crises intensas de medo e mal-estar generalizado, enquanto a agorafobia resulta no medo de situações e lugares que possam gerar sensações de impotência, constrangimento ou aprisionamento.
Qual o manejo clínico atual?
Ansiolíticos e antidepressivos desempenham papéis cruciais no manejo clínico, sob um ponto de vista farmacológico. Por exemplo, os benzodiazepínicos, frequentemente prescritos como ansiolíticos, mostram-se eficazes no início do tratamento. Similarmente, a buspirona, um agonista do receptor 5-HT 1A da serotonina, também é empregada. Além disso, os antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, são comumente utilizados como tratamento de primeira linha para os transtornos de ansiedade.
Contudo, os tratamentos farmacológicos atuais não abordam efetivamente as disfunções cognitivas associadas a este transtorno mental, mesmo quando combinados com psicoterapia. Adicionalmente, os efeitos colaterais desses medicamentos, como ganho de peso e perda do desejo sexual, entre outros, comprometem a relação risco-benefício. Assim, torna-se imperativo buscar novas alternativas para aprimorar os resultados do tratamento desses transtornos psiquiátricos.
Propriedades ansiolíticas (atuam na diminuição da ansiedade) do CBD
Em busca de alternativas terapêuticas, há um interesse crescente no potencial do canabidiol (CBD) no tratamento de diversos transtornos psiquiátricos. Pesquisas sugerem que esse fitocanabinoide possui propriedades ansiolíticas que podem representar uma promissora opção clínica para alguns transtornos mentais.
De acordo com “Estudo teórico do Canabidiol para combater a ansiedade”, o CBD demonstra efeitos ansiolíticos, e devido à sua origem natural, seu uso não induz à dependência e minimiza consideravelmente os efeitos adversos como sonolência, tonturas, perda de memória e demais sintomas. Seu uso é associado à redução significativa dos sintomas de ansiedade, tais como medo, euforia e nervosismo.
Bergamaschi em 2011, relatou o grande potencial no tratamento de transtornos de ansiedade, pois a resposta neural promovida pelo uso do CBD está relacionada aos efeitos analgésicos, antidepressivos e antipsicóticos, que contribuem para a liberação de anandamida no organismo humano, neurotransmissor responsável na regulação de humor, dor e cognição.
Além disso, vários estudos obtiveram resultados favoráveis ao uso de canabidiol (CBD), demonstrando potencial terapêutico como ansiolítico, antidepressivo, anticonvulsivantes e relaxantes, sem causar vícios ou perda de memória.
Em suma, a abordagem dos transtornos mentais transcende os tratamentos farmacológicos convencionais. Embora medicamentos como ansiolíticos e antidepressivos desempenhem papéis importantes no manejo desses distúrbios, é crucial reconhecer que a terapia não se limita a soluções farmacológicas. A inclusão de terapias psicológicas, como a psicoterapia, é essencial para abordar as disfunções cognitivas subjacentes e promover a recuperação integral do paciente.
O reconhecimento e a exploração de novas alternativas terapêuticas, como o canabidiol (CBD), destacam a necessidade contínua de pesquisa e desenvolvimento na área da saúde mental.
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